21 set Fisioterapia nas disfunções pélvicas
A integridade, tanto anatômica como funcional, do assoalho pélvico é de fundamental importância para algumas das funções básicas do ser humano, como o armazenamento de urina e fezes, suporte dos órgãos pélvicos e função sexual.
O assoalho pélvico representa a unidade neuromuscular que fornece suporte para as vísceras pélvicas, conforme mostrado no quadro abaixo.
Quando a integridade desta musculatura está comprometida, podem ocorrer várias patologias. A fraqueza pode resultar em incontinência urinária, fecal e/ou prolapso. Por outro lado, quando há um aumento de tensão deste grupo muscular, os problemas mais comuns estão associados a dor pélvica, distúrbios da bexiga, problemas de eliminação e disfunções sexuais. Essas alterações podem acontecer como causa primária ou secondária a patologias como endometriose, síndrome da bexiga dolorosa/ cistite intersticial, ou até mesmo ter uma causa de origem muscúlo-esquelética, que pode ocorrer após uma queda, má postura, etc.
Alguns exemplos:
SÍNDROME DA BEXIGA DOLOROSA/CISTITE INTERSTICIAL
Os sintomas incluem:
- Dor antes, durante ou após a micção
- Dor suprapúbica (dor acima do osso púbico)
- Esvaziamento incompleto da bexiga
- Frequência urinária e/ou urgência
- Noctúria (urinar frequentemente à noite)
A bexiga e a uretra estão muito próximas aos músculos do assoalho pélvico. Quando esses músculos se tornam tensos, podem criar os sintomas acima mencionados. A disfunção urinária pode ser causada por músculos tensos no diafragma urogenital, pontos-gatilho nos adutores (músculos internos da coxa), músculos abdominais ou músculos do assoalho pélvico, entre outros fatores.
VULVODÍNEA
Os sintomas incluem:
- Dor na vulva e/ou queimação
- Dispareunia (dor na relação sexual)
- Coceira vaginal
Os sintomas da vulvodínea (dor na vulva) podem ser causados por questões relacionadas à musculatura do assoalho pélvico, restrições do tecido conectivo e irritabilidade nervosa.
DISPAREUNIA
Os sintomas incluem:
- Dor durante a penetração
- Dor durante ou depois do orgasmo
- A dor pode ter duração de horas ou dias após a relação sexual
Dispareunia, ou dor na relação sexual, é um sintoma comum entre as mulheres que sofrem de dor pélvica. A dispareunia pode ser um sintoma de várias síndromes de dor pélvica. Seu fisioterapeuta irá normalizar os músculos tensos, o tecido, a mobilidade do nervo pudendo e irá eliminar os pontos-gatilho miofasciais com técnicas de terapia manual. Para facilitar a recuperação e manter os ganhos obtidos, o fisioterapeuta poderá prescrever-lhe um programa de exercícios em casa. A resolução da disfunção músculo-esquelética irá resultar na eliminação de seus sintomas.
ANISMO
- Dor na região do ânus e reto
- Dor antes, durante ou depois da evacuação
Pontos-gatilho miofasciais na musculatura do esfíncter anal e do levantador do ânus causam dor anal e retal. A constipação crônica também pode causar a irritação do nervo pudendal, levando à dor retal. Cirurgias como sphincterotomias e hemorroidectomias podem levar à formação de tecido cicatricial e pontos-gatilho miofasciais.
CONSTIPAÇÃO / CONTRAÇÃO PARADOXAL DO PUBORETAL
- Dificuldade para evacuar
- Sensação de esvaziamento imcompleto
A fisioterapia, nesses casos, é indicada como parte de uma intervenção multidisciplinar. Tem como principal objetivo normalizar os músculos afetados e restabelecer a função de acordo com o que for encontrado na avaliação.
As técnicas utilizadas são:
- Biofeedback: Capacitar o paciente a desenvolver conhecimento, percepção e controle voluntário da musculatura do assoalho pélvico. Esse controle poderá ajudar na diminuição do tônus muscular, facilitando assim no relaxamento.
- Cinesioterapia com exercícios de alongamento dos músculos.
- Técnicas de liberação miofascial podem ser utilizadas nos pontos-gatilho encontrados na avaliação.
Gabriela Olbrich de Souza